Silvio Torres reitera suas apreensões em relação à Copa de 2014

O deputado Silvio Torres (PSDB-SP), em debate sobre a organização da Copa do Mundo de 2014, promovido pela TV - Câmara nesta quarta-feira, reafirmou que não vê motivos para o governo estar tão otimista em relação aos preparativos do megaevento esportivo.

“Não consigo aceitar a segurança que ele procura passar para a sociedade, já que os fatos demonstram o contrario”- enfatiza o parlamentar tucano, explicitando: “O Brasil foi escolhido há dois anos e meio para sediar a Copa. Até agora, muito pouco foi feito. Existem estádios cujos projetos ainda não saíram das pranchetas dos arquitetos. A modernização dos aeroportos ainda não passou de promessas. As obras de infraestrutura de mobilidade urbana não passaram dos projetos”.

Do debate da TV Câmara participaram, além de Silvio Torres, o ministro Valmir Campelo, do Tribunal de Contas da União, relator da Copa; Alcino Reis, coordenador da área de futebol do Ministério do Esporte, e o deputado Gilmar Machado (PT- MG).

As exposições

O ministro Valmir Campelo falou da preocupação do TCU em fiscalizar o emprego dos recursos públicos federais que serão disponibilizados para as ações diversas da Copa. E tornar transparente esta gastança. No momento o TCU está procurando capacitar os gestores que vão se ocupar em dar andamento às varia ações do governo federal.

Alcino Reis, em tão bem otimista, afirmou que o governo já tem mapeado todos os projetos da Copa inclusive com a previsão dos investimentos em cada um deles.

Adiantou que os projetos da Copa vão ganhar impulso logo depois do término da Copa ora em realização na África do Sul.

Anunciou o representante do Ministério de Esporte que nos próximos dias o Palácio do Planalto enviará ao Congresso Nacional um novo projeto de lei, uma espécie de “Lei Geral da Copa”. Ele vai reunir medidas nas áreas diplomáticas, trabalhistas, segurança, saúde para facilitar a permanência e circulação pelo Brasil de um grande número de pessoas que virão do exterior para trabalhar na organização e condução dos jogos nas 12 cidades sede.

Preocupação de Silvio Torres

Silvio Torres, em sua explanação, disse temer pela repetição do que aconteceu no Panamericano do Rio de janeiro, em 2007, na organização da Copa de 2014. O PAN foi um evento que teve um custo dez vez mais do previsto inicialmente, seus gastos tiveram uma fiscalização deficiente, e até hoje se preocupa desvendar o que realmente aconteceu. O legado deixado pelo PAN para sociedade foi decepcionante e só se procurou fazer uma fiscalização eficiente depois da “porta arrombada”.

Torres citou o caso do Estádio do Engenhão, que de “tão moderno, hoje não serve para ser usado na Copa”. Destacou o caso dos equipamentos adquiridos para os diversos esportes e que hoje estão em completo abandono.

“São exemplos que têm de ser evitados. E isso só será possível se houver uma vigilância preventiva. Uma tarefa que o TCU está em condições de levar adiante. Nos aqui na Câmara, estamos com a Subcomissão de Fiscalização em pleno funcionamento. Vamos monitorar, dentro do possível, como aplicados os recursos públicos”.

Torres mostrou-se também preocupado com a tramitação, no Congresso Nacional, dos projetos enviados pelo governo, para atender exigências da FIFA quanto a isenções fiscais.

Estamos no fim do semestre, e já no inicio de julho vai se dar a largada da campanha eleitoral. Como já é da tradição, as oportunidades para a realização de sessões da Câmara e do Senado, serão reduzidas. Daí nosso temor em relação aos projetos de lei do governo”.

Outra, preocupação de Silvio Torres é em relação à Medida Provisória que procura flexibilizar a Lei de Licitações nas obras dos aeroportos das 12 cidades- sede. A Infraero é autorizada a gastar quase R$ 5 bilhões com a reforma de terminais e a contratar serviços em regime de urgência. “Estamos diante de um precedente grave”- criticou Torres.

Claudio Coletti (10-06-2010)